Fim?

Sim, avó,

Mas tudo bem,

Vamos?

Me condenaram por uma bruxaria que não existiu.

Não sei o que essa peste disse, mas a acusação dos pais foi um ato de vingança. 

Essa carne era minha reserva para o inverno. Furiosa, xinguei e praguejei.

Muitas vilas de Portugal passavam necessidade naqueles dias... Essa garota, coitada, estava faminta e me roubou um pedaço de toucinho.

Mas a verdade é que me desentendi com

Disse que o diabo me apareceu na forma de um cão negro, que eu neguei o deus cristão e tive relações sexuais com Satã. A grande curiosidade do tribunal, da Igreja, do Estado e do povo era saber os detalhes picantes dessa relação…

Só queria voltar para minha casa, entende?

E, no desespero e confusão, inventei outras coisas também. Só queria que a dor parasse. 

Oras, mentiras, verdades… Meses numa cela úmida, emagrecendo pavorosamente. Isso eu aguentei, 

Bem, a denúncia foi 

E era mentira...?

Mas por que foi expulsa de seu país?

E aqui estou, desde então.

Ingênua, imaginei que aqui encontraria a paz que tinha perdido em Açores...

Da Rua dos Ilhéus, meus conterrâneos me expulsaram.

Mas, já na alfândega do cais, os outros passageiros, colonos que depositavam as esperanças no Brasil, comentavam que fui desterrada, condenada por bruxaria.