Poesia que se ouve
Paula Sousa
Created on March 7, 2022
Comemoração do Dia Mundial da Poesia
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Transcript
Fim
Mário de Sá - Carneiro
Verdes são os campos
Luis de Camões
Cavalo à Solta
Ary dos Santos
Ouvi dizer
Manuel Cruz
Eu Sei que vou te amar
Vinicius de Moraes
Ser Poeta
Florbela Espança
Mãe Negra
Alda Lara
Presságio
Fernando Pessoa
23 de março - Dia Mundial da Poesia
Um dos vultos maiores da poesia portuguesa e mundial.
Poeta que traz em si "todos os sonhos do mundo" e uma infinidade de outros seres, porque quando está só não o quer estar.
Um dos grandes poetas brasileiros cuja vida e obra podes consultar, abrindo o link.
Alda Ferreira Pires Barreto de Lara Albuquerque
Queres conhecer a biografia de Alda Lara nascida em Angola em 1930?
Abre a sua biografia
Manuel Gomes Coelho Pinho da Cruz
canto-autor, letrista, vocalista, nascido em S. João da Madeira.
Quem é final Manel Cruz como gosta de ser tratado?
Abre o link.
Quem foi esta feminista que tanto sofreu por amor? Abre o link e confere tudo na bio.
Um dos mais talentosos poetas da sua geração. Abre o link e fica a saber mais deste poeta português e da sua geração.
Abre o link e entra na vida e obra deste nome maior da poesia em Portugal.
Abre o link e fica a conhecer melhor este poeta português da primeira geração Modernista, também conhecida como "Geração do Orpheu".
Poesia de Luís de Camões (interpretado por Cuca Roseta)
Verdes são os campos
Verdes são os campos,
De cor de limão:
Assim são os olhos
Do meu coração.
Campo, que te estendes
Com verdura bela;
Ovelhas, que nela
Vosso pasto tendes,
De ervas vos mantendes
Que traz o Verão,
E eu das lembranças
Do meu coração.
Gado que pasceis
Com contentamento,
Vosso mantimento
Não no entendereis,
Isso que comeis
Não são ervas, não:
São graças dos olhos
Do meu coração.
Poesia de Florbela Espanca (interpretado por Trovante - Luís Represas)
Ser poeta
Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Áquem e de Além Dor!
É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!
É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhas de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!
E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dize-lo cantando a toda a gente!
Poesia de Manuel Cruz (interpretação de "Ornatos Violeta")
Ouvi Dizer
Ouvi dizer que o nosso amor acabou.
Pois eu não tive a noção do seu fim!
Pelo que eu já tentei,
Eu não vou vê-lo em mim:
Se eu não tive a noção de ver nascer um homem.
E ao que eu vejo,
Tudo foi para ti
Uma estúpida canção que só eu ouvi!
E eu fiquei com tanto para dar!
E agora
Não vais achar nada bem
Que eu pague a conta em raiva!
E pudesse eu pagar de outra forma!
Ouvi dizer que o mundo acaba amanhã,
E eu tinha tantos planos pra depois!
Fui eu quem virou as páginas
Na pressa de chegar até nós;
Sem tirar das palavras seu cruel sentido!
Sobre a razão estar cega:
Resta-me apenas uma razão,
Um dia vais ser tu
E um homem como tu;
Como eu não fui;
Um dia vou-te ouvir dizer:
E pudesse eu pagar de outra forma!
Sei que um dia vais dizer:
E pudesse eu pagar de outra forma!
A cidade está deserta,
E alguém escreveu o teu nome em toda a parte:
Nas casas, nos carros, nas pontes, nas ruas.
Em todo o lado essa palavra
Repetida ao expoente da loucura!
Ora amarga! Ora doce!
Pra nos lembrar que o amor é uma doença,
Quando nele julgamos ver a nossa cura!
Poesia de Alda Lara, interpretação de Paulo de Carvalho.
Mãe Negra
Mãe negra desce com ela
Pela estrada desce a noite
Mãe negra desce com ela
Mãe negra não sabe nada
Nem vestidinhos de folhos
Nem brincaderias de guisos
Nas suas mãos apertadas
Em duas faces cansadas
Só duas lágrimas grossas
Em duas faces cansadas, oh mãe
Mãe negra não sabe nada
Voz de silêncio batendo
Nas folhas do cajueiro
Ai, nas folhas do cajueiro
De mansinho pela estrada
Tem voz de noite descendo
De mansinho pela estrada
Mãe negra não sabe nada
Que gostavas de embalar
Que é feito desses meninos
Que gostavas de embalar
Que costumava contar?
Quem ouve as histórias
Que costumava contar?
Mãe negra não sabe nada
Mãe negra não sabe nada
Poesia de José Saramago, interpretado por Teresa Salgueiro
Alegria
Já ouço gritos ao longe
Já diz a voz do amor
A alegria do corpo
O esquecimento da dor
Já os ventos recolheram
Já o verão se nos oferece
Quantos frutos quantas fontes
Mais o sol que nos aquece
Já colho jasmins e nardos
Já tenho colares de rosas
E danço no meio da estrada
As danças prodigiosas
Já os sorrisos se dão
Já se dão as voltas todas
Ó certeza das certezas
Ó alegria das bodas
Poesia de Fernando Pessoa, interpretado por Salvador Sobral
Presságio
O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela,
Mas não lhe sabe falar.
Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de dizer.
Fala: parece que mente...
Cala: parece esquecer...
Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
P'ra saber que a estão a amar!
Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!
Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar...
Poesia de José Carlos Ary dos Santos, interpretado por Fernando Tordo e Jorge Palma
Cavalo à solta
Minha laranja amarga e doce
meu poema
feito de gomos de saudade
minha pena
pesada e leve
secreta e pura
minha passagem para o breve breve
instante da loucura.
Minha ousadia
meu galope
minha rédea
meu potro doido
minha chama
minha réstia
de luz intensa
de voz aberta
minha denúncia do que pensa
do que sente a gente certa.
Em ti respiro
em ti eu provo
por ti consigo
esta força que de novo
em ti persigo
em ti percorro
cavalo à solta
pela margem do teu corpo.
Minha alegria
minha amargura
minha coragem de correr contra a ternura.
Por isso digo
canção castigo
amêndoa travo corpo alma amante amigo
por isso canto
por isso digo
alpendre casa cama arca do meu trigo.
Meu desafio
minha aventura
minha coragem de correr contra a ternura.
Poesia de Mário de Sá-Carneiro, interpretado por Trovante
Fim
Quando eu morrer batam em latas,
Rompam aos saltos e aos pinotes,
Façam estalar no ar chicotes,
Chamem palhaços e acrobatas!
Que o meu caixão vá sobre um burro
Ajaezado à andaluza...
A um morto nada se recusa,
Eu quero por força ir de burro.