

E a ruptura dos aneurismas dos açudes...
Quanto tempo perdido!
E o pobre doente — o Ceará — anemiado,
esquelético, pedinte e desnutrido —
a vasta rede capilar a queimar-se na soalheira —
é o gigante com a artéria aberta
resistindo e morrendo
resistindo e morrendo
resistindo e morrendo
morrendo e resistindo...
(Foi a espada de um Deus que te feriu
a carótida
a ti — Fênix do Brasil.)
O Rio Jaguaribe
Demócrito Rocha. O POVO, 7 de janeiro de 1929
O Rio Jaguaribe é uma artéria aberta
por onde escorre e se perde
o sangue do Ceará.
O mar não se tinge de vermelho
porque o sangue do Ceará
é azul...
Todo plasma
toda essa hemoglobina
na sístole dos invernos
vai perder-se no mar.
Há milênios... desde que se rompeu a túnica
das rochas na explosão dos cataclismos
ou na erosão secular do calcário
do gnaisse do quartzo da sílica natural...
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