Want to make creations as awesome as this one?

Reportagem exclusiva OP+ sobre a Academia Brasileira de Letras (ABL) #portugues

More creations to inspire you

Transcript

1897

No grupo de intelectuais que fundou a Academia Brasileira de Letras (ABL), consta o nome da escritora Júlia Lopes de Almeida (1862-1934), que seria uma das primeiras 40 "imortais" da entidade. A autora, porém, foi excluída quando os demais fundadores optaram por manter a instituição exclusivamente masculina, seguindo o modelo da Academia Francesa, inspiração da ABL. No lugar de Júlia Lopes, entrou Filinto de Almeida, seu marido, primeiro ocupante da cadeira 3.No mesmo grupo fundador, figuram os escritores negros Machado de Assis (1839-1908) e José do Patrocínio (1853-1905).Machado foi o primeiro a ocupar a cadeira 23 e, também, a ser eleito presidente da instituição, enquanto Patrocínio foi o primeiro ocupante da cadeira 21.

1919

Dom Silvério Gomes Pimenta (1840-1922), primeiro arcebispo negro do Brasil, é eleito para a cadeira 19.

1930

O professor e político Octavio Mangabeira (1886-1960) é eleito para a cadeira 4 A escritora Amélia Beviláqua (1860-1946) — esposa do jurista e membro fundador da agremiação, Clóvis Beviláqua — é a primeira mulher a se candidatar à ABL. A candidatura não chegou sequer a ser aceita e a justificativa oficial foi a de que o artigo 30 do regimento interno de 1927 da ABL aludiria somente a “indivíduos do sexo masculino”, uma vez que nele se falava que os membros seriam “eleitos (...) dentre os brasileiros”.

1951

O artigo 30 que baseou a impossibilidade da candidatura de Amélia Beviláqua em 1930 é alterado, passando a incorporar oficialmente a citação ao gênero permitido: “Os membros efetivos serão eleitos, nas condições do art. 2.º dos Estatutos, dentre os brasileiros, do sexo masculino, que tenham publicado, em qualquer gênero de literatura, obra de reconhecido mérito, ou, fora desses gêneros, livros de valor literário”.

1970

A escritora Dinah Silveira de Queiroz (1911-1982) se candidata à Cadeira 17 da ABL, na vaga deixada pelo acadêmico Álvaro Lins. A candidatura não foi aceita com base no artigo 17 do Regimento Interno de 1964 (equivalente ao antigo artigo 30).

1976

Começam as costuras para a eleição da escritora cearense Rachel de Queiroz. A presença da autora começou a ser desejada entre os acadêmicos da época “apesar” dela ser mulher. Apesar, também, deste interesse, a eleição ainda esbarrava no Regimento Interno da ABL. Em duas reuniões internas, em setembro e outubro, a instituição alterou o texto do artigo que limitava a participação de mulheres, para poder eleger a cearense

1977

A escritora cearense Rachel de Queiroz (1910-2003) é eleita para a cadeira 5 da ABL em 4 de agosto daquele ano, sendo a primeira mulher a conseguir tal feito. Ela levou 23 votos, contra 15 para Pontes de Miranda e um voto nulo. Diferentemente das candidaturas de Amélia Beviláqua e Dinah Silveira de Queiroz, Rachel não se autoindicou, mas foi indicada por acadêmicos. As relações sociais e políticas da escritora cumpriram papel crucial na eleição.

1980

Uma década após ter tentado candidatura à ABL, a escritora Dinah Silveira de Queiroz é finalmente eleita para a cadeira 7 da Academia em 10 de julho.

1985

Lygia Fagundes Telles é eleita para a cadeira 16 em 24 de outubro, ocupando-a até hoje, aos 98 anos.

1989

Nélida Piñon é eleita para a cadeira 30 em 27 de julho, ocupando-a até hoje, aos 84 anos.Em 1996 foi a primeira mulher a se tornar presidente da Academia Brasileira de Letras.

2001

Zélia Gattai (1916-2008) é eleita para a cadeira 23 em 7 de dezembro.

2003

Ana Maria Machado é eleita para a cadeira 1 em 24 de abril, ocupando-a até hoje, aos 79 anos.

2006

Domício Proença Filho é eleito para a cadeira 28 em 23 de março, sendo o único negro da composição da ABL à época. Ele ocupa a cadeira até hoje, aos 85 anos.

2009

Cleonice Berardinelli é eleita para a cadeira 8 em 16 de dezembro, ocupando-a até hoje, aos 105 anos.

2013

Rosiska Darcy de Oliveira é eleita para a cadeira 10 em 11 de abril, ocupando-a até hoje, aos 77 anos.

2013

Domício Proença Filho é o segundo homem negro a se tornar presidente da Academia Brasileira de Letras. O primeiro foi Machado de Assis, em 1897.

2018

A escritora mineira Conceição Evaristo se candidata à cadeira 7 da ABL. A candidatura surgiu de forma espontânea e popular, se alastrando nas redes sociais a partir de abril. Dois abaixo-assinados foram lançados e contaram com mais de 40 mil assinaturas de apoio. Conceição ficou sabendo da movimentação e, em junho, entregou uma carta formalizando a candidatura à ABL, que poderia resultar na primeira eleição de uma mulher negra na Academia. “Assinalo o meu desejo e minha disposição de diálogo e espero por essa oportunidade”, escreveu. A vencedora do Prêmio Jabuti, porém, não seguiu as “regras sociais” costumeiras da campanhas, não tendo, por exemplo, participado de jantares com outros acadêmicos. Foram 11 candidatos e o vencedor, com 22 votos, foi o cineasta Cacá Diegues. Conceição recebeu um voto

2021

Fernanda Montenegro é eleita para a cadeira 17 em 4 de novembro.

2021

Gilberto Gil é eleito para a cadeira 20 em 11 de novembro.

2021

O escritor indígena e indicado ao Prêmio Jabuti Daniel Munduruku se candidata à cadeira 39. Apesar de uma carta de apoio à candidatura do autor ter contado com assinaturas demembros da ABL, ele não foi eleito.