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Reportagem exclusiva OP+ sobre assédio no mundo gamer

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A luta no ambiente virtual

A luta no ambiente virtual

Confira relatos de mulheres que lutam por igualdade e respeito nos jogos virtuais

ANA LAURA BORGES

Tem 19 anos, é estudante de engenharia da computação (gamer e streamer)

Teve uma época que eu só jogava online se tivesse alguém que conhecesse. Ou até jogava só, mas trocava o nome, mutava o microfone. Já passei por muita situação chata e costuma acontecer bastante, por exemplo, eu falar no microfone, perceberem que eu sou mulher aí automaticamente alguns dos caras começam a pedir o perfil do Instagram, o número de Whatsapp. No começo incomoda, porque ficam te importunando, mas você acaba se acostumando.Quando estou jogando, se erro alguma coisa ou às vezes nem preciso errar, vejo no chat ou escuto falarem ‘ah, tinha que ser mulher. Não adianta vir aqui jogar jogo. Vai brincar de boneca, vai pra cozinha’. Dificilmente a pessoa é banida da plataforma por meio de denúncias...Eu prefiro jogar com meus amigos, porque eu me sinto mais segura. Por exemplo, nos times, só de ter uma ou duas pessoas que eu conheço já me dá um up.

A luta no ambiente virtual

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ANA LAURA BORGES

Tem 19 anos, é estudante de engenharia da computação (gamer e streamer)

Entre os streamers famosos, tem algumas meninas que estão crescendo cada vez mais e estão aparecendo nesse cenário. A vibe é que, eu não digo nem que o número se iguale, mas que não tenha diferença se você é mulher ou não no jogo, porque não é para ser uma questão de gênero, as pessoas devem jogar e mostrar a sua habilidade, independente disso.Eu acho muito importante ter cada vez mais meninas nesses jogos, conquistando seu espaço, mostrando que são boas e que produzem um conteúdo legal. A meta é exatamente essa, que todas as meninas possam jogar, não baixar a cabeça para essas atitudes, bater de frente, denunciar.

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LAURA carioca

Tem 19 anos, é estudante de Arquitetura e Urbanismo e gamer

Eu jogo todo fim de semana, mas sempre que eu tenho tempo depois das aulas e meus amigos podem também, também jogo. Eu dependo muito deles porque só jogo com eles, não jogo sozinha com desconhecidos. Quando eu jogava outros jogos online, mais nova, por exemplo, jogava sozinha no League of Legends e via muitos comentários dizendo que eu jogava mal e, não que eu jogasse, de fato, bem, mas eu percebia que isso estava muito relacionado ao fato de eu ser mulher. Uma das coisas que acontecem em jogo é que um homem vê que você é mulher e aí começa a jogar itens do jogo para você. Ficam dando isso para você adicionar eles como amigo e vocês jogarem depois. Não acontece o mesmo com meus amigos homens que estão na mesma partida. Várias vezes tem piada como se eu sempre fosse precisar de ajuda, como se, pelo fato de ser mulher, eu fosse automaticamente ruim no jogo.

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LAURA carioca

Tem 19 anos, é estudante de Arquitetura e Urbanismo e gamer

Eu jogo há vários anos e raramente encontro mulheres jogando nesses jogos. Eu acho que não é nem questão de quantidade, eu acho que o ambiente é meio tóxico e acredito que muitas delas jogam sozinha, então elas não falam e nem escutam nem interagem com ninguém, é como se fosse uma pessoa contra todos. Eu não acho que o ambiente gamer seja majoritariamente tóxico, mas eu prefiro não tentar a sorte. É importante que jogar não seja uma coisa de gênero porque muitas mulheres acabam perdendo essas experiências que elas poderiam acabar gostando muito e só não tiveram contato porque “é coisa de homem”. Acredito que hoje isso vem melhorando, apesar de achar que as plataformas de transmissão e dos jogos poderiam ser mais punitivas com esses tipos de comportamento, não só com mulheres mas outros tipos de “”piada””, além de incentivarem mais as mulheres a jogarem.

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Vitória nobre

Tem 22 anos, é gastrônoma, gamer e streamer

Quase todo dia, pelo menos a cada dois dias, tem situações indesejadas. Os meninos quando veem que é mulher, ficam de gracinha, falando besteira. Tem uns que quando veem quem eu sou dizem “ah, é mulher?!” e saem da partida. Eu já chorei por causa disso porque para se acostumar é difícil, sabe? Ser aceita nesse meio gamer como mulher é muito difícil.Teve vez que eu já estava em um dia ruim e fui jogar para desestressar, aí fui assediada. Eu comecei a chorar porque, às vezes, a reação da gente é essa. Já chorei, já fiquei muito estressada e respondi um monte de coisa no mesmo chat, já denunciei muitos também. É um ambiente bem mais masculino. Essa diferença na quantidade de homens e mulheres, pra mim, é mais uma questão social desde criança. O videogame é visto como uma coisa mais de homem, masculina, então, muita menina não teve muita experiência com os jogos. Mas esse fato da toxicidade masculina com a gente, ajuda a diminuir o público feminino na área gamer.

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Vitória nobre

Tem 22 anos, é gastrônoma, gamer e streamer

Eu acho que tem uma grande importância da gente mostrar que os jogos não são apenas para os meninos, que a gente também sabe aprender a jogar, que a gente também sabe jogar numa liga profissional.O que mais queremos é igualdade nos jogos, porque a gente sabe jogar tão bem, ou até melhor, quanto os meninos, então a gente quer o nosso reconhecimento por igual.

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LAURA gois

Tem 21 anos, é social media, gamer e streamer

Já sofri várias vezes, é muito comum, porque na comunidade desses jogos, a maioria é homem e muitos têm a mente fechada, querem pagar de ‘machão’ na internet, já que pessoalmente não tem coragem.A situação que mais sofro é porque não sou expert nos jogos, às vezes, eu jogo mal. Uma vez um cara falou que eu jogava mal simplesmente por ser mulher, com essas palavras. Isso me ofendeu muito, eu fiquei muito magoada. Nós, mulheres, estamos sujeitas a esse tipo de situação 24h por dia, porque em qualquer canto que a gente for, vai ter um cara machista, que vai te olhar torto, então você tem que ficar preparada para situações assim.Uma vez, eu fiquei bem chateada com as situações que eu vi nos jogos e aí eu mudei meu nome para um que a pessoa não sabia distinguir se era menino ou menina. Passei um bom tempo com esse nome e eu não sofria nada de machismo. Só que eu pensei: ‘eu tô me escondendo atrás de um nome’ e não é para ser assim.

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LAURA gois

Tem 21 anos, é social media, gamer e streamer

A gente tem que ter respeito porque a gente merece, não precisa estar se escondendo para isso. Eu não achei justo usar um nome que não era meu porque eu estava sendo covarde e acho que esse tipo de coisa a gente tem que enfrentar mesmo. Eu acabei trocando de novo e coloquei meu nome outra vez, voltei a sofrer os episódios de machismo e xenofobia.Para mim, não adianta ficar presa dentro do quarto sem viver a minha vida, então, eu prefiro ignorar esse tipo de situação, do que ficar presa numa bolha. A melhor maneira de lidar com isso é saber não se importar com o que a pessoa está dizendo. Quando eu vou jogar, eu sei que uma hora ou outra vai aparecer algum cara falando esse tipo de coisa para mim, mas eu escolho não me magoar com isso e tento sempre fazer a minha parte denunciando.Eu acho que as comunidades dos jogos deveriam incentivar as meninas a virem para esse mundo, porque tendo mais meninas, isso pode mudar. As plataformas deveriam ser mais efetivas, dar mais suporte às meninas que sofrem esse tipo de coisa e fazer elas se sentirem mais acolhidas.

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