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Confira o contexto do começo, meio e fim da gestão do delegado André Costa frente à Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Ceará. #portugues

Transcript

o contexto

a gestão mais atribulada da história da segurança pública do Ceará

a chegada

Direitos humanos?

o "Justiça ou cemitério"

"Batman" ou"Moro do Ceará"

Aumento da violência

Ataques criminosos

Territórios

Barbárie

Chacinas

Assassinatos dos chefes de facções

Tragédia de Milagres

Ondas de ataques

Motim da PM

Resultados

Em janeiro de 2017, Delci Teixeira deixou a SSPDS. Foram dois anos de redução dos homicídios. Em 2016, a queda das mortes violentas foi a maior do século até ali. Porém, a queda tinha influência de um problema: trégua nacional firmada entre facções criminosas. Havia também problemas dentro da Polícia, com bastante rejeição a Delci. A relação com a tropa não era boa. E havia sequelas de um episódio de extrema gravidade: a chacina da Grande Messejana.

A nomeação de André Costa foi anunciada em 5 de janeiro de 2017. O nome havia sido antecipado pelo O POVO. Representou uma guinada em relação ao perfil calmo e discreto do antecessor.

Desde antes de assumir o cargo, Costa era ativo nas redes sociais. Usava Instagram para divulgar trabalho da Polícia, mensagens motivacionais. E discursos que faziam pouco caso a direitos humanos. Em 16 de outubro de 2016, por exemplo, publicou foto com pistola Glock 17,9 mm à qual chamou "Freio de mano". Em dezembro de 2016, ele perguntou: "Há um bandido gravemente ferido precisando de socorro e ao lado um policial precisando de um cafezinho. Você levaria o café com açúcar ou adoçante?". Na tarde em que assumiu a SSPDS ele apagou o post.

Em 28 de janeiro de 2017, Costa concedeu entrevista coletiva sobre a prisão de suspeito de assassinar o cabo Arlindo da Silva Vieira. Ele proferiu a frase que ficou marcada ao longo de sua passagem pela SSPDS. "A gente oferece duas coisas para o bandido: se ele quiser se entregar, a Justiça. Se ele quiser puxar uma arma, o cemitério". Repetiu a mesma coisa nas redes sociais. A declaração rendeu críticas e polêmica, mas foi aplaudida pelas associações de profissionais da segurança. O governador Camilo Santana (PT) disse que a fala foi "má interpretação" do secretário. "Acho que houve uma má interpretação, de certa forma, do próprio secretário. Ele é uma pessoa jovem, é um professor de Direito Penal, então jamais poderia interpretar dessa maneira".

O secretário não ficava apenas no gabinete e passou a ir à rua ao lado de policiais em operações. Fosse na busca a acusado de matar policial ou em ação contra poluição sonora. Costa declarou em entrevista que passou a ser reconhecido pela população pelo estilo. "Já tiveram vários termos engraçados, comparando com o capitão Nascimento ou com o capitão André, que é outro personagem do filme, que usa até óculos. Já ouvi Sérgio Moro do Ceará, Bruce Wayne, Batman". Ele gostou da percepção da mudança: "Acho bacana porque mostra que a população está conhecendo quem é o secretário e sabe que agora tem um secretário que realmente está lá".

Apesar do estilo trazer popularidade, a violência cresceu. O primeiro ano de André Costa no cargo, 2017, foi o mais violento sobre o qual há registro na história do Ceará. Desde o fim de 2016, havia informações do fim da trégua entre facções. Em 2017, a guerra se tornou aberta.

Em março de 2017, três ataques a ônibus ocorreram em suposta retaliação à morte de integrante do Comando Vermelho. Em abril, ataques ordenados de presídios incendiaram 21 veículos, entre ônibus e carros de concessionárias de serviços públicos. Transporte coletivo foi recolhido e aulas foram canceladas. Àquela altura, a presença de facções no Ceará era destaque nacional. Costa defendia que o enfrentamento não dependia só do Ceará.

Pinturas em muros assinadas por facções passaram a ditar regras em territórios. O secretário disse que as sinalizações ajudaram o trabalho da SSPDS. Policiais apagaram pinturas. André Costa chegou a publicar em suas redes imagens de jovens sendo forçados a pintar muros pichados por eles.

As facções não se contentavam em matar. Ao longo de 2017, difundiram-se as mortes cruéis, com objetivo de fazer sofrer, incutir terror e mandar recados. De janeiro a outubro daquele ano, levantamento do O POVO apontou terem sido encontrados pelo menos 13 corpos carbonizados, dez decapitados e outros 14 com sinais de tortura em Fortaleza e Região Metropolitana.

Sobretudo no ano de 2018, as chacinas se tornaram rotina no cotidiano do Ceará. Foram pelo menos nove, com 53 mortes. No bairro Cajazeiras, a chacina do Forró do Gago foi a maior da história do Estado. Entre as matanças, a Chacina do Benfica e na Vila Manoel Sátiro, onde as vítimas foram policiais.

Em fevereiro de 2018, foram assassinados em Aquiraz dois dos principais chefes nacionais da facção criminosa PCC. Rogério Jeremias de Simone, conhecido como Gegê do Mangue, e Fabiano Alves de Souza, chamado de Paca, foram mortos por integrantes da própria facção.

Na madrugada de 7 de dezembro de 2018, a Polícia interceptou assalto a agências do Bradesco e Banco do Brasil no município de Milagres, no Cariri. Porém, a consequência foi muito pior que o roubo de bancos. Os criminosos tinha reféns. Foram mortas 14 pessoas, sendo oito integrantes da quadrilha e seis reféns - cinco da mesma família. Foram afastados 12 policiais em uma ação desastrada de repercussão internacional.

Em janeiro de 2019, ocorreu a maior onda de ataques da história do Ceará. Foram pelo menos 230 ataques criminosos ao longo do mês. Já nos primeiros dias, aquela se tornou a maior onda já registrada no Estado. Na contagem final, aquela onda de violência superou a soma de outros 14 ciclos de ataques, que tiveram 207 ataques no Ceará entre 2014 e 2018. Comércios fecharam as portas e ônibus deixaram de circular. Em setembro daquele ano houve nova onda de ataques. Os alvos voltaram a ser transportes coletivos e concessionárias de serviços públicos. Pelo menos 170 pessoas foram presas.

Em fevereiro de 2020, policiais militares se rebelaram contra proposta de reajuste salarial do governo e fizeram motim. A segurança foi afetada inclusive no Carnaval. A violência disparou. Houve episódios dramáticos, como a tentativa do senador Cid Gomes (PDT) de invadir quartel com retroescavadeira em Sobral, sendo alvo de tiros. A paralisação só terminou em 1º de março.

O ano de 2017 foi o mais violento da história do Ceará, em quantidade e em brutalidade. Em 2018 houve o segundo maior número de homicídios da história e série de chacinas, entre as quais a maior da história do Estado. Em 2019 houve a maior onda de ataques da história do Estado. Ao mesmo tempo, houve a maior redução já registrada dos homicídios. Até a metade de 2020, o aumento é o maior já registrado.